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Estimulação medular

A estimulação medular é uma técnica de neuromodulação que modifica a atividade do sistema nervoso central (no caso, a medula) através de impulsos elétricos. O primeiro uso terapêutico de eletricidade para modular o sistema nervoso foi descrito no ano de 57 d. C por Scribonius Largus em seu livro Compositiones Medicae. Após pisar inadvertidamente em um peixe torpedo (elétrico) em uma praia, Anteros notou melhora importante na dor em seus membros inferiores devido à gota. Scribonius percebeu que poderia haver um uso terapêutico e tratava dores crônicas como cefaléias. Em suas descrições, Scribonius lança os fundamentos da neuromodulação elétrica do Sistema Nervoso Central. 

 História da estimulação medular para dor crônica
 História da estimulação medular para dor crônica

'Cefaléias mesmo crônicas, e intratáveis são curadas e remediadas para sempre por meio da colocação de um torpedo vivo abaixo do local da dor, até que ela passe. Assim que a dormência foi sentida, o remédio deve ser removido. Além do mais, vários torpedos do mesmo tipo devem ser preparados, pois a cura (que é o torpor) é efetiva algumas vezes somente após duas ou três sessões'

Nos dias de hoje os peixes torpedo foram substituídos pelos estimuladores medulares. Estes são eletrodos que, colocados em contato com a medula espinhal podem promover melhora de alguns tipos de dor em pacientes selecionados, como veremos a seguir.

O estimulador medular tem aprovação do FDA (US Food and Drug Admnistration) para 3 condições : Failed Back Surgery Syndrome (ou Síndrome pós-laminectomia), Radiculopatias e Síndrome da Dor Regional Complexa tipos I e II. Embora tenha aprovações oficiais nos EUA apenas para estas condições, existem muitos trabalhos mostrando eficácia em outras doenças como neuropatias traumáticas e diabéticas, neuralgia pós-herpética, agina cardíaca, espasticidade e melhora da marcha em pacientes Parkinsonianos. 

A indicação mais frequente em nosso meio é a Síndrome pós Laminectomia, que se traduz por queixas de dor persistente ou recorrente radicular, com ou sem dor lombar associada, após 1 ou mais cirurgias lombossacrais. A dor deve ser refratária ao tratamento conservador adequado, com imagem e clínica congruentes em achados de compressão radicular, excluindo-se déficts neurológicos em progressão no nível da dor, síndrome de cauda equina e evidências de instabilidade (que necessitem artrodese)

A correta indicação do procedimento deve ser discutida com o seu neurocirurgião. Antes de realizar a instalação definitiva dos eletrodos, é realizado um teste para verificar se a estimulação será efetiva para aquele paciente específico. Durante o teste, o paciente permanece com os eletrodos medulares exteriorizados e conectados a um gerador externo e experimenta o sistema durante alguns dias para saber se reduz a sua dor (3 a 5 dias). Caso a resposta seja satisfatória, procede-se em uma segunda etapa ao implante definitivo. Caso não tenha havido melhora, retira-se os eletrodos implantados e busca-se outras estratégias para o tratamento da dor.  

Dr. Eduardo Alho, médico neurociurgião

Eletrodos percutâneos para estimulação medular
eletrodo em placa para estimulação medular para dor
Eletrodo em placa para estimulação medular para dor
Eletrodos percutâneos para estimulação medular

Figuras demonstrando eletrodos medulares percutâneos e em placa. As radiografias do mesmo paciente foram obtidas durante o trial percutâneo (imagem com fileira única de eletrodos) e depois do implante definitivo do eletrodo em placa para dor neuropática radicular até o pé esquerdo. Os contatos que melhor deram resultado durante o trial foram os inferiores, de maneira que a placa foi colocada centrada na região que melhor tratou a dor do paciente. 

Dr. Eduardo Alho, médico neurociurgião

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